FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
FLEXÃO = VARIAÇÃO
Gênero = masculino ou feminino
Número = singular ou plural
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos
Feminino: menina
Aumentativo: meninão
Diminutivo: menininho
Flexão de Gênero
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e feminino.
Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
Veja estes títulos de filmes:
O velho e o mar.
Um Natal inesquecível.
Os reis da praia.
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim.
Uma cidade sem passado.
As tartarugas ninjas.
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino.
Observe:
gato – gata
masculina, singular
homem - mulher
poeta - poetisa
prefeito - prefeita
Substantivos Uniformes são aqueles que apresentam uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. Por exemplo:
a cobra macho - a cobra fêmea
o jacaré macho - o jacaré fêmea
Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
Por exemplo:
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por meio do artigo.
Por exemplo:
o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
Saiba que:
- Substantivos de origem grega terminados em -ema ou - oma são masculinos.
Por exemplo: o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam em seu significado.
Por exemplo:
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
a) Regra: troca-se a terminação -o por -a. Por exemplo:
aluno - aluna
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculino. Por exemplo:
freguês - freguesa
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três formas:
- troca-se -ão por -oa. Por exemplo:
patrão - patroa
- troca-se -ão por -ã. Por exemplo:
campeão - campeã
-troca-se -ão por ona. Por exemplo:
solteirão - solteirona
Exceções:
barão - baronesa
ladrão- ladra
sultão - sultana
d) Substantivos terminados em -or:
- acrescenta-se -a ao masculino. Por exemplo:
doutor - doutora
- troca-se -or por -triz:
imperador - imperatriz
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
-esa -
-essa-
-isa-
cônsul - consulesa
abade - abadessa
poeta - poetisa
duque - duquesa
conde - condessa
profeta - profetisa
f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por -a:
elefante - elefanta
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no feminino:
bode - cabra
boi - vaca
h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
czar - czarina
réu - ré
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Epicenos
Observe:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o masculino e o feminino.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Por exemplo: a cobra
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Sobrecomuns
Entregue as crianças à natureza.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra.
Veja:
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria.
Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura
João é uma boa criatura.
Maria é uma boa criatura.
o cônjuge
O cônjuge de João faleceu.
O cônjuge de Marcela faleceu.
Comuns de Dois Gêneros:
Observe a manchete:
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
O motorista
A motorista
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.
Exemplos:
o colega - a colega
o imigrante - a imigrante
um jovem - uma jovem
artista famoso - artista famosa
repórter francês - repórter francesa
Substantivos de Gênero Incerto
Existem numerosos substantivos de gênero incerto e flutuante, sendo usados com a mesma significação, ora como masculinos, ora como femininos.
a abusão - erro comum, superstição, crendice
a aluvião - sedimentos deixados pelas águas, inundação, grande número
a cólera ou cólera-morbo - doença infecciosa
a personagem - pessoa importante, pessoa que figura numa história
a trama - intriga, conluio, maquinação, cilada
a xerox (ou xérox) - cópia xerográfica, xerocópia
o ágape - refeição que os cristãos faziam em comum, banquete de confraternização
o caudal - torrente, rio
o diabetes ou diabete - doença
o jângal - floresta própria da Índia
o lhama - mamífero ruminante da família dos camelídeos
o ordenança - soldado às ordens de um oficial
o praça - soldado raso
o preá - pequeno roedor
Note que:
1. A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência pelo masculino. Por exemplo:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a personagem.
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma personagem.
2. Ordenança, praça (soldado) e sentinela (soldado, atalaia) são sentidos e usados na língua atual, como masculinos, por se referirem, ordinariamente, a homens.
3. Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográfico Ana Belmonte.
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Masculinos:
o tapa
o eclipse
o lança-perfume
o dó (pena)
o sanduíche
o clarinete
o champanha
o sósia
o maracajá
o clã
o hosana
o herpes
o pijama
o suéter
o soprano
o proclama
o pernoite
o púbis
Femininos:
a dinamite
a áspide
a derme
a hélice
a alcíone
a filoxera
a clâmide
a omoplata
a cataplasma
a pane
a mascote
a gênese
a entorse
a libido
a cal
a faringe
a cólera (doença)
a ubá (canoa)
São geralmente masculinos os substantivos de origem grega terminados em -ma:
o grama (peso)
o quilograma
o plasma
o apostema
o diagrama
o epigrama
o telefonema
o estratagema
o dilema
o teorema
o apotegma
o trema
o eczema
o edema
o magma
o anátema
o estigma
o axioma
o tracoma
o hematoma
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Gênero dos Nomes de Cidades
Salvo raras exceções, nomes de cidades são femininos.
Por exemplo:
A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Gênero e Significação
Denotativo: realmente diz aquilo que está escrito (sem interpretação)
Conotativo: sentido figurado (necessita de interpretação)
Muitos substantivos têm uma significação no masculino e outra no feminino. Observe:
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição de trânsito)
o cabeça (chefe) - CONOTATIVO
a cabeça (parte do corpo) - DENOTATIVO
o cisma (separação religiosa, dissidência)
a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o cinza (a cor cinzenta)
a cinza (resíduos de combustão)
o capital (dinheiro)
a capital (cidade)
o coma (perda dos sentidos)
a coma (cabeleira)
o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa)
o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e de outros sacramentos)
a crisma (sacramento da confirmação)
o cura (pároco)
a cura (ato de curar)
o estepe (pneu sobressalente)
a estepe (vasta planície de vegetação)
o guia (pessoa que guia outras)
a guia (documento, pena grande das asas das aves)
o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
o caixa (funcionário da caixa)
a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o lente (professor)
a lente (vidro de aumento)
o moral (ânimo)
a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o nascente (lado onde nasce o Sol)
a nascente (a fonte)
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor)
a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)
o pala (poncho)
a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo)
o rádio (aparelho receptor)
a rádio (estação emissora)
o voga (remador)
a voga (moda, popularidade)
Flexão de grau
Quanto ao grau, os substantivos podem variar entre aumentativo e diminutivo.
Os graus aumentativo e diminutivo podem ser formados através de dois processos:
a) sintético – acréscimo de sufixos ao grau normal.
Exemplo: amor: amorzinho; amorzão.
b) analítico – o substantivo será modificado por adjetivos que transmitem ideia de aumento ou diminuição:
Exemplo: urso: urso grande; urso pequeno.